quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Independência

A vida, feita de opções que nos definem e nos enraízam. Mas às vezes exageramos. Dá uma segurança danada saber exatamente o que queremos e o que não queremos, no que cremos e no que desacreditamos. Mas onde é que está escrito, de fato, que temos que pensar sempre a mesma coisa, reagir sempre da mesma forma?
Pensem, repensem, mudem quantas vezes vocês quiserem, é permitido voltar atrás... Ainda há quem considere leviana a pessoa que se questiona e se contradiz, mas já bastam as prisões necessárias - para que cultivar as desnecessárias?
Optei pelas medidas provisórias. Por isso, todos os anos eu faço uns picotes na minha constituição imaginária e jogo os pedacinhos de papel pela janela: é assim que comemoro o Dia da Independência. Da minha independência.(Martha Medeiros)

quinta-feira, 24 de março de 2011

Mais

Não me apetece viver histórias medíocres, paixões não correspondidas e pessoas água com açúcar. Não sei brincar e ser café com leite. Só quero na minha vida gente que transpire adrenalina de alguma forma, que tenha coragem suficiente pra me dizer o que sente antes, durante e depois ou que invente boas estórias caso não possa vivê-las. Porque eu acho sempre muitas coisas - porque tenho uma mente fértil e delirante - e porque posso achar errado - e ter que me desculpar - e detesto pedir desculpas embora o faça sem dificuldade se me provarem que eu estraguei tudo achando o que não devia....
Não me importa o que é de verdade ou o que é mentira, mas tem que me convencer, extrair o máximo do meu prazer e me fazer crêr que é para sempre quando eu digo convicto que "nada é para sempre."

sábado, 5 de março de 2011

Reflexão sobre o carnaval

ÉÉÉÉ...
É uma bela opinião...tudo tem dois, três ou até mais lados...mas achei muito corajosa a jornalista ...criticar o Carnaval em pleno Carnaval e no Brasil...
Não sou fã de Carnaval, mas respeito os foliões.
Apoio o polêmico texto da Jornalista. Reflexões sobre essas comemorações são necessárias e válidas, ainda mais vindas de uma pessoa que falou com tanta propriedade e conhecimento.
 

domingo, 20 de fevereiro de 2011

PROTESTO!

Estão construindo uma sociedade conformada e sem vontades, que acredita na criminalidade de seus sonhos e direitos. Temos professores que não ensinam, treinam. São treinadores que de falas decoradas, regras e frases feitas que serão questionadas numa prova que avalia de modo imbecil os jovens perdidos, selecionando e excluindo crianças do que chamam de vida. Eu protesto. Eu digo que há algo além das carreiras. Eu defendo que há um mundo inteiro longe dos escritórios e das vidas corretas. Eu apoio o fim do óbvio e das obrigações infundadas que surgiram em algum momento e ficaram por preguiça de ser mais.
Eu acho mesmo é que falta coragem. E tempo. Tempo de olhar em volta e coragem de bater de frente. Quando foi a última vez que você tomou banho de chuva sem se preocupar com o celular no bolso, os cartões do banco, a chapinha, o sapato que não pode molhar? As pessoas têm que se permitir. Aprender o atraso, o olhar em volta. Mudar o caminho de todos os dias e se perder no seu próprio bairro. É o que tenho feito, me perder. E devo dizer que estou muito feliz por não encontrar o caminho de volta.
Veronica H.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

No seu devido lugar


         Me aconteceu uma coisa muito interessante esses dias e me fez refletir sobre o que estou fazendo e onde estou. O fato de eu refletir sobre, não quer dizer que eu tenha esta resposta, e não tenho, mas naquele dia me invadiu uma sensação de: estou exatamente onde deveria estar.
         Foi uma bobagem, uma mera coincidência, algo que nem perderei meu tempo escrevendo para contar. O mais interessante foi o que senti. O prazer imensurável de estar ali com a certeza de que eu realmente devia estar ali! Sou muito confusa, muita insegura, muito indecisa e esses momentos de certeza total me marcam, há tempos eu não tenho esses surtos de constância e estabilidade. O melhor de tudo é que a sensação permaneceu, mesmo depois do ocorrido.
        Creio que só percebemos estas coisas quando estamos distraídos, pois quando queremos racionalizar demais, significar demais, ser pé no chão demais, não rola, percebemos tudo o que não é tão importante, inventamos verdades e nos enganamos demais com isso. A vida realmente dá sinais, as situações nos mostram, nos provam, há sempre um aviso simpático e as vezes até engraçado (como no meu caso). O problema é que as vezes não estamos com vontade de assumir esta realidade e aceitar que estamos errados e devemos dar alguns passos para trás. Ou então duvidamos da nossa capacidade de realmente ter feito uma escolha certa e a possibilidade de poder seguir em frente.
         Eu já tive muita preguiça de perceber essas coisas e é por isso que muitas situações que gritavam por um ponto final ficaram cheias de reticências, entupindo minha cabeça de pavores e indecisões. Por não querer aceitar, nem sentir, nem querer se dar conta que o óbvio estava bem estampado na minha cara. E é claro que muitas vezes o óbvio não está tão óbvio, afinal é preciso livrar a cabeça de certos grilos para poder ampliar a percepção dos acontecimentos. Então passam dias,meses e anos, até que um belo dia, num bar, num ponto de ônibus, num filme, numa dança, numa paisagem, acontece algo que faz a gente parar e olhar para si e ver que tudo se mostra presente e de fato ali por diversas razões e consequências, e você não sabe o que está por vir mas sabe que não deveria estar fazendo outra coisa a não ser percebendo este momento para poder decidir o próximo passo, e acreditar que a vida, por mais doida que pareça, está colocando tudo no devido lugar,é só prestar atenção no fluxo, na direção, nos famosos sinais que se traduzem no nosso interior quando estamos abertos para isso.
         Talvez essa minha sensação logo passe, e eu volte a ser aquela monstrinha espiã cheia de interrogações e receios, mas tudo bem, estou viva e vivendo, e logo terei outra chance de enxergar o acaso dos meus casos que me conduzem sempre ao tal caminho certo que a gente tanto procura, se eu não me exigir tanto e parar de prestar tanta atenção nas coisas externas e no significado delas por si só, descubro fácil que o caminho não está fora, está dentro.

Hehehe

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Uma noite longa, pra uma vida curta

"E são tantas marcas
Que já fazem parte
Do que eu sou agora
Mas ainda sei me virar"


segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

PINA

CFA

"Se não for hoje, um dia será. Algumas coisas, por mais impossíveis e malucas que pareçam, a gente sabe, bem no fundo, que foram feitas pra um dia dar certo."
Caio Fernando Abreu

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Só, numa multidão de amores...

"Eles não estavam trocando juras de amor, não andavam de mãos dadas, nem se chamavam por nomes infantis. Não tinha pieguice romântica ali. Mas foi a cena mais doce que eu vi: dois olhares se encontrando. Não só se encontrando: se confortando, se sabendo, se completando. Eu notei que eles eram algo além de amigos, que se desejavam e se protegiam, e foi só pela cumplicidade dos olhos, que deixavam de ser dois e se enlaçavam quatro.

Eu quis então ter um olhar pra mim. Não alguém pra chamar de meu, como diz o clichê, como grita a conveniência, mas um olhar que fosse meu por puro encaixe. Foi um pouco de inveja, talvez. Eu soube naquelas duas pessoas que elas não se sentiam sozinhas ou perdidas. Que mesmo depois de um dia cheio e chato, tinham uma certeza de carinho. E eu quis. Quis algo além da rotina do trabalho e gente fabricada com seus narizes perfeitos e cabelos penteados. Quis algo certo como o frio na barriga e a respiração travada, o coração esquecendo de bater. Quis algo errado que me fizesse bem só por escapar do caminho óbvio de toda noite. Uma espera no fim do dia, sabe? Essa espera. Não a espera de uma vida toda sem saber o que buscar pra ser feliz. Só sair do dia igual pra ter uma noite diferente. E tornar esse diferente comum só porque é bom estar perto.

Todo o amor que eu sufoquei por excesso de razão agora grita, escapa, transborda. Estou só numa multidão de amores, assim como Dylan Thomas, assim como Maysa, assim como milhões de pessoas; assim como a multidão de amores está só, em si. Demonstro minha fragilidade, meu desamparo. Eu não procuro alguém pra pentencer e ter posse, só quero uma fonte segura de amor que não dependa das obrigações, das falas decoradas, dos scripts prontos. Eu sei que eu abri mão de várias oportunidades. Sei que fiz pouco caso do amor que me entregaram de maneira pura e gratuita, só porque eu achava que podia encontrar coisa melhor. Se as pessoas estão sempre indo e vindo, eu só queria alguém minimamente eterno em sua duração, que me fizesse parar de achar normal essa história de perder as pessoas pela vida.

Vou embora querendo alguém que me diga pra ficar. Estou sempre de partida, malas feitas, portas trancadas, chave em punho. No fundo eu quero dizer "Me impede de ir. Fica parado na minha frente e fala que eu tenho lugar por aqui, que não preciso abandonar tudo cada vez que a solidão me derruba. Me ajuda a levar a vida menos a sério, porque é só vida, afinal." E acabo calada, porque não faz sentido dizer tudo isso sem ter pra quem.

Eu não quero viver como se sobrevivesse a cada dia que passo sozinha. Não quero andar como se procurasse meu complemento em cada olhar vago. Eu acho que mereço mais que isso por tudo o que eu sei que posso fazer por alguém. E fico só esperando, na surpresa do dia que eu desencanar de esperar, um par de olhos que me faça ficar sem nenhuma palavra, nada além de dois olhos se enlaçando quatro. Nessa multidão de amores, sozinho é aquele que não espera"



Verônica H.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

L'amour  

Carla Bruni  


L'amour, hum hum, pas pour moi,
Tous ces "toujours",
C'est pas net, ça joue des tours,
Ca s'approche sans se montrer,
Comme un traître de velours,
Ca me blesse, ou me lasse, selon les jours
L'amour, hum hum, ça ne vaut rien,
Ça m'inquiète de tout,
Et ça se déguise en doux,
Quand ça gronde, quand ça me mord,
Alors oui, c'est pire que tout,
Car j'en veux, hum hum, plus encore,
Pourquoi faire ce tas de plaisirs, de frissons, de caresses, de pauvres promesses ?
A quoi bon se laisser reprendre
Le coeur en chamade,
Ne rien y comprendre,
C'est une embuscade,
L'amour ça ne va pas,
C'est pas du Yves Saint Laurent,
Ca ne tombe pas parfaitement,
Si je ne trouve pas mon style ce n'est pas faute d'essayer,
Et l'amour j'laisse tomber !
A quoi bon ce tas de plaisirs, de frissons, de caresses, de pauvres promesses ?
Pourquoi faire se laisser reprendre,
Le coeur en chamade,
Ne rien y comprendre,
C'est une embuscade,
L'amour, hum hum, j'en veux pas
J'préfère de temps en temps
Je préfère le goût du vent
Le goût étrange et doux de la peau de mes amants,
Mais l'amour, hum hum, pas vraiment !

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Sobre o BBB

Que me perdoem os ávidos telespectadores do Big Brother Brasil (BBB), produzido e organizado pela nossa distinta Rede Globo, mas conseguimos chegar ao fundo do poço...A décima terceira (está indo longe!) edição do BBB é uma síntese do que há de pior na TV brasileira. Chega a ser
difícil, encontrar as palavras adequadas para qualificar tamanho atentado à nossa modesta inteligência.

Dizem que Roma, um dos maiores impérios que o mundo conheceu, teve seu fim marcado pela depravação dos valores morais do seu povo, principalmente pela banalização do sexo. O BBB 10 é a pura e suprema banalização do sexo. Impossível assistir, ver este programa ao lado dos filhos. Gays, lésbicas, heteros... todos na mesma casa, a casa dos “heróis”, como são chamados por Pedro Bial. Não tenho nada contra gays, acho que cada um faz da vida o que quer, mas sou contra safadeza ao vivo na TV, seja entre homossexuais ou heterosexuais. O BBB 10 é a realidade em busca do IBOPE..

Veja como Pedro Bial tratou os participantes do BBB 10. Ele prometeu um “zoológico humano divertido” . Não sei se será divertido, mas parece bem variado na sua mistura de clichês e figuras típicas.

Se entendi corretamente as apresentações, são 15 os “animais” do “zoológico”: o judeu tarado, o gay afeminado, a dentista gostosa, o negro com suingue, a nerd tímida, a gostosa com bundão, a “não sou piranha mas não sou santa”, o modelo Mr. Maringá, a lésbica convicta, a DJ intelectual, o carioca marrento, o maquiador drag-queen e a PM que gosta de apanhar (essa é para acabar!!!).

Pergunto-me, por exemplo, como um jornalista, documentarista e escritor como Pedro Bial que, faça-se justiça, cobriu a Queda do Muro de Berlim, se submete a ser apresentador de um programa desse nível. Em um e-mail que recebi há pouco tempo, Bial escreve maravilhosamente bem sobre a perda do humorista Bussunda referindo-se à pena de se
morrer tão cedo. Eu gostaria de perguntar se ele não pensa que esse programa é a morte da cultura, de valores e princípios, da moral, da ética e da dignidade.

Outro dia, durante o intervalo de uma programação da Globo, um outro repórter acéfalo do BBB disse que, para ganhar o prêmio de um milhão e meio de reais, um Big Brother tem um caminho árduo pela frente, chamando-os de heróis. Caminho árduo? Heróis?

São esses nossos exemplos de heróis?

Caminho árduo para mim é aquele percorrido por milhões de brasileiros, profissionais da saúde, professores da rede pública (aliás, todos os professores), carteiros, lixeiros e tantos outros trabalhadores incansáveis que, diariamente, passam horas exercendo suas funções com dedicação, competência e amor, quase sempre mal remunerados..

Heróis, são milhares de brasileiros que sequer têm um prato de comida por dia e um colchão decente para dormir e conseguem sobreviver a
isso, todo santo dia.

Heróis, são crianças e adultos que lutam contra doenças complicadíssimas porque não tiveram chance de ter uma vida mais saudável e digna.

Heróis, são inúmeras pessoas, entidades sociais e beneficentes, ONGs, voluntários, igrejas e hospitais que se dedicam ao cuidado de carentes, doentes e necessitados (vamos lembrar de nossa eterna heroína, Zilda Arns).

Heróis, são aqueles que, apesar de ganharem um salário mínimo, pagam suas contas, restando apenas dezesseis reais para alimentação, como mostrado em outra reportagem apresentada meses atrás pela própria Rede Globo.

O Big Brother Brasil não é um programa cultural, nem educativo, não acrescenta informações e conhecimentos intelectuais aos telespectadores, nem aos participantes, e não há qualquer outro
estímulo como, por exemplo, o incentivo ao esporte, à música, à criatividade ou ao ensino de conceitos como valor, ética, trabalho e moral.


E ai vem algum psicólogo de vanguarda e me diz que o BBB ajuda a "entender o comportamento humano". Ah, tenha dó!!!

Veja o que está por de tra$$$$$$$$$$$$$$$$ do BBB: José Neumani da Rádio Jovem Pan, fez um cálculo de que se vinte e nove milhões de pessoas ligarem a cada paredão, com o custo da ligação a trinta centavos, a Rede Globo e a Telefônica arrecadam oito milhões e setecentos mil reais. Eu vou repetir: oito milhões e setecentos mil reais a cada paredão.

Já imaginaram quanto poderia ser feito com essa quantia se fosse dedicada a programas de inclusão social, moradia, alimentação, ensino e saúde de muitos brasileiros?(Poderia ser feito mais de 520 casas populares; ou comprar mais de 5.000 computadores!)

Essas palavras não são de revolta ou protesto, mas de vergonha e indignação, por ver tamanha aberração ter milhões de telespectadores.

Em vez de assistir ao BBB, que tal ler um livro, um poema de Mário Quintana ou de Neruda ou qualquer outra coisa..., ir ao cinema..., estudar.... , ouvir boa música..., cuidar das flores e jardins... ,
telefonar para um amigo... , visitar os avós... , pescar..., brincar com as crianças... , namorar... ou simplesmente dormir.

Assistir ao BBB é ajudar a Globo a ganhar rios de dinheiro e destruir o que ainda resta dos valores sobre os quais foi construído nossa sociedade.



L. Fernando Veríssimo



terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Permita-se

Cansei de gente posuda. Gente que equilibra um cigarro em uma mão e uma bebida na outra. Gente que estufa o peito. E diz não sentir nada. E diz ser acima da dor. Cansei de gente corajosa que vive amortecida. É muito fácil ter coragem em outro planeta.
Cansei dessa gente que me olha de canto de olho. Como se eu fosse louca...
Cansei de quem gosta como se gostar fosse mais uma ferramenta de marketing. Gostar aos poucos, gostar analisando, gostar duas vezes por semana, gostar até as duas e dezoito. Cansei de gente que gosta como pensa que é certo gostar. Gostar é essa besta desenfreada mesmo. E não tem pensar. E arrepia o corpo inteiro mas você não sabe se é defesa pra recuar ou atacar. Eu não quero ir embora e esperar o dia seguinte. Porque eu cansei dessa gente que me manda ter mais calma. E me diz que sempre tem o outro dia. E me diz que eu não posso esperar nada de ninguém. Se você puder sofrer comigo a loucura que é estar vivo, se você puder passar a noite em claro comigo, de tanta vontade de viver esse dia e não esperar o outro...Se você puder ser alguém de quem se espera algo, afinal, é uma grande mentira viver sozinho, permita-se. Eu só queria ter alguém pra vencer comigo esses dias terrivelmente chatos. 

(Tati Bernardi - adaptado- Fonte :  http://lobalelacaotica.blogspot.com )

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Não foi nada. Deu saudade, só isso. De repente, me deu tanta saudade.

      Tenho trabalhado tanto, mas sempre penso em voce. Mais de tardezinha que de manhã, mais naqueles dias que parecem poeira assenta e com mais força quando a noite avança. Não são pensamentos escuros, embora noturnos ; Sabe, eu me perguntava até que ponto você era aquilo que eu via em você ou apenas aquilo que eu queria ver em você. Eu queria saber até que ponto você não era apenas uma projeção daquilo que eu sentia, e se era assim, até quando eu conseguiria ver em você todas essas coisas que me fascinavam e que no fundo, sempre no fundo, talvez nem fossem suas, mas minhas, e pensava que amar era só conseguir ver, e desamar era não mais conseguir ver, entende?
       Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto que você fosse o meu encontro. Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar, sem exigências. E sem solicitações, aceitar o que me era dado. Sem ir além, compreende? Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha, era seu.
Mas se você tivesse ficado, teria sido diferente? Melhor interromper o processo em meio: quando se conhece o fim, quando se sabe que doerá muito mais — por que ir em frente?
       Não há sentido: melhor escapar deixando uma lembrança qualquer, lenço esquecido numa gaveta, camisa jogada na cadeira, uma fotografia — qualquer coisa que depois de muito tempo a gente possa olhar e sorrir, mesmo sem saber por quê. Melhor do que não sobrar nada, e que esse nada seja áspero como um tempo perdidoTinha terminado, então. Porque a gente, alguma coisa dentro da gente, sempre sabe exatamente quando termina.
       Mas de tudo isso, me ficaram coisas tão boas. Uma lembrança boa de você, uma vontade de cuidar melhor de mim, de ser melhor para mim e para os outros. De não morrer, de não sufocar, de continuar sentindo encantamento por alguma outra pessoa que o futuro trará, porque sempre traz, e então não repetir nenhum comportamento. Ser novo.
       Mesmo que a gente se perca, não importa. Que tenha se transformado em passado antes de virar futuro. Mas que seja bom o que vier, para você, para mim. Te escrevo, enfim, me ocorre agora, porque nem você nem eu somos descartáveis.
. . . E eu acho que é por isso que te escrevo, para cuidar de ti, para cuidar de mim – para não querer, violentamente não querer de maneira alguma ficar na sua memória, seu coração, sua cabeça, como uma sombra escura.

(Caio F. A.)

Quando Fui Chuva (Luis Kiari)

http://www.youtube.com/watch?v=VdgtI8CteEY&feature=related

domingo, 9 de janeiro de 2011

LEITURAS DE FÉRIAS

Ler é tão agradável pra mim quanto dançar. Há quem se espante com esta minha afirmação. Não sou do tipo estudiosa, culta, CDF, não tirei grandes notas em todas as disciplinas teóricas da faculdade, apenas naquelas que eu realmente gostava e nunca me importei em ser uma aluna medíocre naquilo que não me chamava atenção, na verdade, sempre me saí melhor na prática do que na teoria, mas tenho consciênca de que preciso das duas.
Voltando ao assunto, eu gosto muito de ler sim, por incrível que pareça, mas leio o que quero e na hora que quero, essa minha 'simpática rebeldia' é que me dá uma fama meio descompromissada no meio acadêmico. Eu gosto de ler histórias de romance, drama, suspense, gosto de livros com profundas reflexões sobre a vida, gosto de filosofar, gosto de me identificar com o que estou lendo. Nessas férias, ocupei bastante tempo lendo. Pasmem com a diversidade das minhas leituras! Deve ser por isso que esse blog é tão sem lógica, assuntos sem pé nem cabeça, desconectados um do outro, acho que conversar comigo também é um pouco assim, nada linear, mas enfim..."somos quem podemos ser", hehe.
Livros que li nessas férias e recomendo:
"Fora de mim" de Martha Medeiros
"Ninguém é de ninguém" de Zíbia Gasparetto
"Nem só de caviar vive o homem" de J. M. Simmel
"O livro do Riso e do Esquecimento" de Milan Kundera
" Por quanto ainda vamos chorar?" de J.M. Simmel

sábado, 8 de janeiro de 2011

DIVÃ


                                                         
Eu sei! Não é o filme lançamento do ano, mas é um daqueles que saiu e eu fiquei de ver e não vi. Essa semana tive a oportunidade de assistir na Globo, no Festival Nacional, um projeto muito bacana, bem melhor que o tal Big Brother 11, o qual teremos que engolir, aliás, eu não engulo aquela merda! Prefiro mudar de canal ou ler alguma coisa mais interessante, ou, sei lá, qualquer outra coisa é mais construtiva!
Enfim, há anos sou fã de Martha Medeiros, o livro que inspirou o filme foi escrito por essa gaúcha que só me orgulha mais em ser gaúcha! Ela consegue expressar ambos os lados, feminino e masculino, é fato que ela arrasta uma perninha pro clube da Luluzinha, mas não é uma feminista doente, apenas se apropria muito melhor de um universo do qual ela faz parte, mas no filme e em todas as obras da autora, é visível o quão ela apóia as relações, a importância de ambos os sexos, o quanto ela crê no amor de forma realista e atual.
O texto do filme é impecável, as frases cutucam a gente e parecem que saíram da nossa própria cabeça, isso demonstra o quanto, no fundo, somos todos parecidos, talvez mais parecidos do que diferentes ( mas parece que as diferenças sempre falarão mais alto).
Do início ao fim o filme é uma montanha russa de emoções, gargalhamos e choramos, refletimos muito com cada cena, as quais muito bem feitas, o cinema brasileiro está evoluindo com êxito!
Mercedez, persnagem principal, é uma quarentona, vivida, casada há vinte anos, é sensível, questionadora, engraçada, inteligente, independente...confesso que me identifiquei com o lado desequilibrado e inconstante dela e com a sensação de estar viva mas com feridas abertas no peito, e, ainda assim, feliz.
E somos todos assim, vivemos e sorrimos apesar de tudo, buscamos alternativas, acreditamos que "vai passar", mentimos o tempo todo para nós mesmos porque isso é vital. A gente sabe que nada passa, nada se esquece, talvez ocupamos mais nosso tempo com outras coisas, mas a memória está ali, encravada, vira lamento, vira experiência, aprendizado ou qualquer outro tipo de nome que se dá para as coisas que nós fingimos que "passam".
Não gosto de contar filmes, nem sou capaz de fazer críticas, então selecionei umas frases, estas me tocaram muito e fazem parte das melhores cenas do filme:

"Nascemos e morremos. E no espaço entre uma coisa e outra estudamos, trabalhamos, casamos, temos filhos, praticamos exercícios, adoecemos...ninguém escapa deste script."

"Sou tantas mulheres numa só e alguns homens também."

"Ele não é meu, ele só faz parte da minha vida...gente não pertence à gente."

"Eu me conheço, sei que a qualquer momento eu posso me surpreender"


"Tô...tô sonhando...não ouse me acordar"
 
"Nós ainda nos amamos. A gente só não se quer mais."

"Dá medo de deixar o tempo passar e não falar o que é fundamental"

"E agora? Separados, quem somos?
Somos um programa de televisão que saiu fora do ar e como ninguém desliga o aparelho de TV fica aquele chiado incomodando no escuro?
Somos a lembrança de um beijo que não foi dado?
Se você não queria ser infeliz comigo, saberá ser infeliz sozinha?"
 
"Vida é falta de definição, é transitória mesmo!
Tudo o que eu preciso é conviver com o meu desalinho, com a minha inconstancia e com as surpresas que a vida traz.
De resto a vida continua, o sol continua manchando minha pele, meus filhos continuam me dando trabalho e eu continuo sonhando com o Mel Gibson.
Você tá rindo é?
É sinal que minha vida tem graça
Porque agora eu sei : Se eu tive problema um dia,
Não foi por falta de felicidade"

Bravo! Adorei o filme!

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Eu não sei o que eu faço, não sei mesmo, não...as vezes me desfaço e caio seca pelo chão. 
Feito folha ao vento, feito água escorrendo pela mão,o sangue das minhas veias se transforma em dúvida e desilusão.
Eu me sinto vazia sem rumo ou direção
Mas dura só por um instante, porque logo o dia volta a clarear, e sigo meus passos errantes esperando a hora de acertar...
Quantas perguntas tenho e poucas respostas para dar...apenas resta o silêncio.
E o silêncio fala alto pra quem sabe escutar.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Companheiros e companheiras!

Eu confesso! Gosto pra caramba do Lula! Sei lá se ele fez ou não mudanças exemplares por aqui...mas o que acontece com o Lula é algo muito importante que é fundamental nas Artes, na televisão, no ensino e não deve ser diferente na política: a identificação, o compenetrar-se dos sentimentos e idéias de alguém. É isso que nos distancia ou aproxima de uma obra de arte, de um livro, de um filme, de um artista, das pessoas que nos cercam. A gente se identifica com o Lula e porque não nos identificávamos com os outros senhores Presidentes? Porque eles não têm a alma de trabalhador, a alma de quem realmente luta pra ser respeitado pelo que é, que tenta se manter num lugar digno nesse país tão cheio de barbaridades, as quais, diferente do que a maioria pensa, não estão na potência de um presidente acabar com as mesmas...ele é apenas um meio de comunicação entre o País e os feitos do Governo, ele não é Deus e nem manda na rapidez dos processos, nem em aprovações de projetos. Nosso ex-presidente não tem um dedo, não precisávamos chamá-lo de Vossa Excelência, afinal ele é o Lula! Ele diz que agora vai poder tomar uma cervejinha (tem coisa mais brasileira que isso?), ele fazia piadinhas e falava de um jeitão muito simpático mesmo quando estava de terno e gravata, rodeado de pessoas importantíssimas de vários Países. Numa entrevista logo após ter passado o cargo para a Senhora Dilma, ele disse : "Custa menos ser bom, honesto, sorrir, fazer carinho...eu aprendi isso no decorrer da vida". Se todo mundo aprendesse exatamente isso, muita coisa errada nesse país iria mudar. E pra mim, não tem jeito, não é o Presidente, nem Rei, nem o Papa que vão construir um País desenvolvido, formação de cidadão é responsabilidade daqueles que educam, que orientam, são os pais que dão exemplo, também os professores e educadores, estes, bem informados, com conteúdos não apenas voltados para as técnicas de suas discplinas, mas que saibam orientar para a vida, educar para o mundo, para viver em sociedade. Que mania se tem de colocar tudo em cima de uma só pessoa ou entidade. Somos partículas responsáveis pela formação de um todo, a responsabilidade não é exclusivamente do Lula e nem do quanto ele sabe ou não escrever, do quanto ele sabe ou não falar com formalidades, chega de passar a bola, a batata quente,de arrumar desculpas para a situação em que nos encontramos, somos nós todos que devemos pôr a mão na consciência e refletir o que estamos fazendo pra melhorar. E principalmente quando nos colocamos no papel de educadores ( de nossos filhos ou de alunos), este papel nos dá a capacidade de transformação de uma parte e conseqüentemente do todo.É pôr a mão na consciência e depois pôr a mão na massa!
 Agora, falando na nossa nova presidenta, eu acho um arraso uma mulher no comando desse País! Isso é um exemplo do quanto o sexo feminino é respeitado, bem diferente de outras épocas. Prefiro mil vezes ver uma mulher no lugar onde ela se encontra ao invés de vinte "piriguetes"  rebolando o bundão na telinha, isso sim é que é acabar com qualquer respeito, quem precisa ter cérebro pra fazer aquilo? E vamos acreditar antes de desacreditar! Vamos parar de reclamar e virar videntes já prevendo o fracasso de Dilma! Ela está lá fazendo o trabalho dela, seja viajando, seja encontrando grandes personalidades, assinando contratos e avaliando projetos para o nosso desenvolvimento, se são obras que vão demorar ou não, não sei, não depende só dela. Mas e você? Está reciclando seu lixo? Está ao menos colocando lixo no lixo? Está ajudando o próximo? Sendo cuidadoso no trânsito? Paga suas dívidas? Cuida da sua saúde? Está educando e dando bons exemplos para os seus filhos? Ótimo! Gentileza gera gentileza.Você melhor. Brasil melhor.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Diferenças X Necessidades

Martha Medeiros comenta o livro "A filha do canibal", da espanhola Rosa Montero:
" O relato refere-se a um homem e uma mulher com alguma diferença de idade – ela é a mais velha, lógico, como tem se tornado comum hoje em dia. Muitas pessoas duvidam que uma relação assim possa dar certo. Claro que pode. Tudo pode dar certo e tudo pode dar errado, e a idade nada tem a ver com isso, é apenas um detalhe na certidão de nascimento. O que transforma nossa vida amorosa num melodrama é a diferença de necessidades. Aí não há casal que encontre seu ponto de apoio, seu eixo e seu futuro.Um quer compromisso sério: para o outro, amar já é sério o suficiente. Um quer filhos, o outro nem em sonhos. Um quer uma casinha no meio do mato, o outro é curioso, precisa de informação, cinema, teatro, gente. Um valoriza a transa antes de tudo, o outro acha que conversar é importante também. Ao menos, os dois gostam de dançar...
Os dois se amam, isso não se discute.Um não precisa conhecer o mundo, o outro traz o mundo em si. Um é romântico para disfarçar a brutalidade, o outro é doce para despistar a secura.Um fica inseguro, o outro diz que nada disso importa, mas claro que importa. Um gostaria de saber o que não sabe, o outro queria desaprender metade do que a vida lhe ensinou. Um precisa berrar, o outro chora.Um quer ir embora e, ao mesmo tempo, não.O outro quer liberdade, mas a dois.
Então um se vai e deita em todas as camas, sofrendo.
E o outro mergulha sozinho na dor, sobrevivendo.
Diferença de idade não existe.
A necessidade secreta de cada um é que destrói ilusões e constrói o que está por vir."

Gostei muito desse trecho do livro "Doidas e Santas" de Martha Medeiros, problemas nos relacionamentos são sempre assunto atual e refletir sobre eles é cotidiano pra mim. Moral do texto é: ser sincero com suas verdades, seus gostos e na maneira de ser e expor ao outro para que o futuro não seja cheio de inquietações e desejos reprimidos...ou uma busca interminável de algo que nem existe...
O fim de uma relação se dá quando há muita diferença ou incapacidade de respeitar a diferença? Como as autoras, creio que diferenças e necessidades se confudem, o outro pode ser diferente de você, mas as necessidades de duas pessoas que decidem compartilhar a vida devem ser compatíveis...anular suas próprias necessidades é começar a criar o fim de uma história que poderia ser feliz...não aceitar as diferenças também...
                     
Quanto tempo se leva pra aprender isso?