sábado, 8 de janeiro de 2011

DIVÃ


                                                         
Eu sei! Não é o filme lançamento do ano, mas é um daqueles que saiu e eu fiquei de ver e não vi. Essa semana tive a oportunidade de assistir na Globo, no Festival Nacional, um projeto muito bacana, bem melhor que o tal Big Brother 11, o qual teremos que engolir, aliás, eu não engulo aquela merda! Prefiro mudar de canal ou ler alguma coisa mais interessante, ou, sei lá, qualquer outra coisa é mais construtiva!
Enfim, há anos sou fã de Martha Medeiros, o livro que inspirou o filme foi escrito por essa gaúcha que só me orgulha mais em ser gaúcha! Ela consegue expressar ambos os lados, feminino e masculino, é fato que ela arrasta uma perninha pro clube da Luluzinha, mas não é uma feminista doente, apenas se apropria muito melhor de um universo do qual ela faz parte, mas no filme e em todas as obras da autora, é visível o quão ela apóia as relações, a importância de ambos os sexos, o quanto ela crê no amor de forma realista e atual.
O texto do filme é impecável, as frases cutucam a gente e parecem que saíram da nossa própria cabeça, isso demonstra o quanto, no fundo, somos todos parecidos, talvez mais parecidos do que diferentes ( mas parece que as diferenças sempre falarão mais alto).
Do início ao fim o filme é uma montanha russa de emoções, gargalhamos e choramos, refletimos muito com cada cena, as quais muito bem feitas, o cinema brasileiro está evoluindo com êxito!
Mercedez, persnagem principal, é uma quarentona, vivida, casada há vinte anos, é sensível, questionadora, engraçada, inteligente, independente...confesso que me identifiquei com o lado desequilibrado e inconstante dela e com a sensação de estar viva mas com feridas abertas no peito, e, ainda assim, feliz.
E somos todos assim, vivemos e sorrimos apesar de tudo, buscamos alternativas, acreditamos que "vai passar", mentimos o tempo todo para nós mesmos porque isso é vital. A gente sabe que nada passa, nada se esquece, talvez ocupamos mais nosso tempo com outras coisas, mas a memória está ali, encravada, vira lamento, vira experiência, aprendizado ou qualquer outro tipo de nome que se dá para as coisas que nós fingimos que "passam".
Não gosto de contar filmes, nem sou capaz de fazer críticas, então selecionei umas frases, estas me tocaram muito e fazem parte das melhores cenas do filme:

"Nascemos e morremos. E no espaço entre uma coisa e outra estudamos, trabalhamos, casamos, temos filhos, praticamos exercícios, adoecemos...ninguém escapa deste script."

"Sou tantas mulheres numa só e alguns homens também."

"Ele não é meu, ele só faz parte da minha vida...gente não pertence à gente."

"Eu me conheço, sei que a qualquer momento eu posso me surpreender"


"Tô...tô sonhando...não ouse me acordar"
 
"Nós ainda nos amamos. A gente só não se quer mais."

"Dá medo de deixar o tempo passar e não falar o que é fundamental"

"E agora? Separados, quem somos?
Somos um programa de televisão que saiu fora do ar e como ninguém desliga o aparelho de TV fica aquele chiado incomodando no escuro?
Somos a lembrança de um beijo que não foi dado?
Se você não queria ser infeliz comigo, saberá ser infeliz sozinha?"
 
"Vida é falta de definição, é transitória mesmo!
Tudo o que eu preciso é conviver com o meu desalinho, com a minha inconstancia e com as surpresas que a vida traz.
De resto a vida continua, o sol continua manchando minha pele, meus filhos continuam me dando trabalho e eu continuo sonhando com o Mel Gibson.
Você tá rindo é?
É sinal que minha vida tem graça
Porque agora eu sei : Se eu tive problema um dia,
Não foi por falta de felicidade"

Bravo! Adorei o filme!

Um comentário:

  1. E eu adorei ler...vc escrevendo, isso é maravilhoso, que legal, Carol!
    BRAVO, siga em frente!

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